segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Gatilho

Paro. Respiro. Respiro o mais fundo que posso.
"Se acalme", eles dizem pra mim, "tente se acalmar".
Quando se joga, o lance é jogar pra valer, jogar pra vencer.
Depois de pegar a arma, é só contar até três.
O nervosismo me invade. O suor banha meu corpo.
Leves movimentos. Pequenos passos. Quase imperceptíveis.
Ninguém nota a diferença.
Se torna cada vez mais difícil respirar.
Todos esperam minha próxima ação. É a minha vez.

Meu coração bate de tal forma que todos podem ouvi-lo.
De tal forma que qualquer um pode nota-lo através do meu peito.
O medo e a insegurança são meus campanheiros, mas eu não vou fugir.
É um teste, uma prova de fogo, a qual eu tenho que passar.

Falo sozinha. Converso comigo mesma.
Acredito que se fechar os olhos, isso vai me ajudar.
Meus próprios pensamentos me assustam.
Se ainda permaneço no jogo, é porque, pelo visto, ainda não perdi.
Enquanto só minhas memórias passam em minha mente.

Dá pra ver em cada gesto meu. Dá pra sentir em cada palavra que eu digo.
Dá pra ver atráves da minha pele, o medo.
Pelo menos tenho chance de dizer adeus. Mesmo não querendo, eu digo adeus.
É tarde demais pra voltar atrás. Agora é a hora!

Continuo apavorada, mas ainda não vou sair. Ainda não vou embora
Sei que vou conseguir passar nesse teste.
É difícil, é duro, é doloroso...
Mas vou simplesmente apertar o gatilho.



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